Ah, o PlayStation 2. Aquele console que definiu uma geração e nos deu uma biblioteca de jogos tão vasta que é impossível ter jogado tudo. Entre os gigantes como Final Fantasy X, God of War e Shadow of the Colossus, existiam joias escondidas, títulos que, por um motivo ou outro, acabaram passando despercebidos pela maioria. E se eu te disser que um desses jogos, lançado no apagar das luzes do console, é uma das obras-primas mais injustiçadas do gênero JRPG? Estamos falando de Odin Sphere, um espetáculo visual e narrativo que merece ser redescoberto.

Se você é fã de arte 2D deslumbrante, mitologia nórdica misturada com contos de fadas e uma história que te faz questionar quem é o verdadeiro herói, pegue sua caneca. O Buteco Nerd vai te convencer a tirar o pó do seu PS2 (ou, melhor ainda, pegar o remake) para experimentar essa aventura épica.
O Gigante Adormecido do PS2: Por Que Odin Sphere Passou Despercebido?

Lançado originalmente no Japão em 2007 (e em 2008 na América do Norte), Odin Sphere chegou em um momento ingrato. O PS3 já estava no mercado, o Xbox 360 estava bombando e o Wii dominava as vendas casuais. O foco da mídia e dos jogadores já estava na nova geração, buscando gráficos 3D de alta definição. Um RPG de ação 2D, por mais bonito que fosse, parecia um retrocesso para muitos.
O jogo foi desenvolvido pela Vanillaware, um estúdio que se tornou sinônimo de excelência em gráficos desenhados à mão, sendo considerado um sucessor espiritual de Princess Crown (Sega Saturn). Mas, convenhamos, em 2007, a maioria dos jogadores não estava procurando por “sucessores espirituais” de jogos obscuros do Saturn. Eles queriam Metal Gear Solid 4.
Essa competição acirrada fez com que Odin Sphere, apesar de ter recebido críticas extremamente positivas, ficasse relegado ao status de “clássico cult”. Quem jogou, amou. Mas a base de jogadores que o experimentou era pequena, especialmente comparada aos milhões que estavam migrando para os novos consoles.
Arte em Movimento: O Combate e Visual Incomparável

A primeira coisa que salta aos olhos em Odin Sphere é, sem dúvida, seu visual. A Vanillaware é mestre em criar mundos vibrantes e detalhados, e este jogo é a prova máxima. Cada cenário, cada personagem e cada chefe parece ter sido tirado de uma pintura a óleo animada. É um dos jogos 2D mais bonitos já feitos, ponto final.
Mas não é só beleza. A jogabilidade é um casamento viciante entre beat-‘em-up de rolagem lateral e mecânicas profundas de JRPG. Você controla um dos cinco protagonistas em arenas circulares, desferindo combos rápidos e usando habilidades mágicas chamadas “Psyphers”.
O Sistema de RPG que Vicia
O que diferencia Odin Sphere de um simples jogo de pancadaria é a complexidade por baixo do capô. O sistema de Alquimia e Culinária é essencial. Para evoluir, você não depende apenas de experiência de combate; você precisa plantar sementes, colher frutas e, principalmente, cozinhar pratos deliciosos. Esses pratos não apenas curam, mas dão bônus massivos de EXP e status, incentivando o jogador a gerenciar recursos e buscar receitas secretas.
Embora o jogo original no PS2 fosse criticado por quedas de taxa de quadros (o famoso “lag”) devido à quantidade de efeitos visuais na tela, a versão de 2016, Odin Sphere Leifthrasir (disponível para PS4, PS3 e PS Vita), resolveu todos esses problemas, entregando uma experiência fluida e aprimorada, tornando-o o jeito definitivo de jogar esta obra-prima.
Uma Tapeçaria de Contos de Fadas e Mitologia Nórdica
A verdadeira genialidade de Odin Sphere reside na sua estrutura narrativa. O jogo é dividido em cinco “livros”, cada um contando a história de um dos cinco protagonistas. Essas histórias não são lineares, mas sim peças de um quebra-cabeça maior, inspiradas diretamente na mitologia nórdica e em contos de fadas clássicos.
O continente de Erion está à beira do Armagedon, uma profecia de destruição total. Duas nações, Ragnanival (o reino dos guerreiros, liderado pelo Lorde Demônio Odin) e Ringford (o reino das fadas), lutam pelo controle do Caldeirão de Cristalização, uma arma poderosa e perigosa que já destruiu um reino inteiro, transformando seus habitantes em Pookas (criaturas amaldiçoadas).
Os Cinco Protagonistas e a Subjetividade da Verdade
A beleza do roteiro é que ele explora a subjetividade da verdade. O personagem que é seu aliado e herói em um “livro” pode ser o antagonista cruel e incompreendido no próximo. Os cinco protagonistas são:
- Gwendolyn: A valquíria, filha de Odin, que busca desesperadamente a aprovação do pai.
 - Cornelius: Um príncipe amaldiçoado e transformado em Pooka, que luta para reverter sua maldição e salvar sua amada.
 - Mercedes: A jovem e relutante rainha das fadas, forçada a assumir o trono em meio à guerra.
 - Oswald: O “Cavaleiro Sombrio”, um guerreiro frio e leal a Ringford, cuja história se cruza tragicamente com a de Gwendolyn.
 - Velvet: A “Bruxa da Floresta”, filha bastarda de Odin e uma das poucas sobreviventes do reino destruído, que manipula os eventos para evitar o Armagedon.
 
Ao completar as cinco campanhas, o jogador finalmente desbloqueia o capítulo final, onde todas as pontas se unem, revelando a verdadeira ameaça e o caminho para o desfecho profético. É uma estrutura de contação de histórias que recompensa a dedicação, transformando o jogador em um verdadeiro leitor que precisa virar todas as páginas para entender a história completa.
Opinião do Buteco Nerd: A Redenção de um Clássico
É uma pena que Odin Sphere tenha sido ofuscado pelo lançamento da nova geração. Ele não é apenas um bom JRPG; é uma aula de como contar uma história complexa e interligada, tudo isso embalado em um dos pacotes visuais mais impressionantes da história dos videogames. O fato de ter recebido o remake Leifthrasir em 2016 é uma bênção, pois permitiu que uma nova geração de jogadores pudesse experimentar essa aventura sem as limitações técnicas do PS2.
Se você busca um Action RPG com profundidade, um mundo rico em mitologia e personagens inesquecíveis, pare de dormir nesse clássico. Vá atrás da versão Leifthrasir e prepare-se para ser transportado para Erion. É uma jornada que vale cada segundo.
E aí, você já conhecia Odin Sphere? Ou é um desses jogadores que deixou essa obra-prima passar batida? Deixa seu comentário abaixo e vamos discutir essa treta. Aqui no Buteco Nerd, sua opinião vale uma rodada! 🍻
            




























